Prestação de contas de campanha da atual presidente não declarou pagamentos; PT nega caixa dois
Cabos eleitorais da
presidente Dilma Rousseff que aparecem como 'voluntários' na prestação
de contas de campanha de 2010 afirmam que receberam dinheiro pelo
trabalho realizado no segundo turno da eleição. A
Folha de S.Paulo localizou 12 pessoas em Mato Grosso e no Piauí que
dizem nunca ter atuado de graça, apesar de serem tratadas como
prestadores de serviço sem remuneração nos papéis entregues pela
campanha ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
As declarações fazem parte
da documentação entregue à Justiça Eleitoral, que considera 'doador'
quem presta serviço 'voluntário'. A
Folha identificou ao menos 43 'trabalhadores voluntários' na prestação
de contas da campanha, totalizando 'doações' de cerca de R$ 20 mil. No
grupo, estão os 12 localizados pela reportagem. Efetuar
pagamentos de campanha e não declará-los é crime de caixa dois. O PT
nega a prática e diz que suas contas foram aprovadas.
CRIME ELEITORAL
No total, a campanha da atual presidente registrou arrecadação de R$ 135 milhões e despesas de R$ 153 milhões. '[O
trabalho] não foi de graça. Não sou otário para trabalhar de graça',
disse Mariano Vieira Filho, que atuou como motoboy no PI.
Já Luís Fernando Barbosa
Nunes, 25, também motoboy na campanha de Dilma em Teresina, disse que
sua assinatura foi falsificada no documento entregue ao TSE. Em Cuiabá, a tecnóloga em segurança do trabalho Cristine Macedo, 48, diz ter ganho cerca de R$ 600 para panfletagem.
Nas contas aprovadas pela Justiça Eleitoral não há registro de pagamento a nenhum deles no segundo turno. A
advogada Deborah Guirra diz que caberia uma investigação por crime
eleitoral. '[O registro] tinha que estar na prestação de contas do
comitê ou do candidato.' (Da Folha de S.Paulo - Aguirre Talento, Fabiano Maisonnave e Yala Sena)
Escrito por Magno Martins, às 06h40
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