sábado, 11 de abril de 2020

Japão oferece remédio de graça para testes contra covid-19; Brasil ainda não pediu

Pacote de estímulo ainda precisa ser detalhado, além de aprovado pelo Senado e pela Casa dos Representantes. Só depois irá à sanção de Donald Trump.



O medicamento para gripe Avigan será disponibilizado gratuitamente aos países que o solicitarem para o tratamento do novo coronavírus, anunciou o governo japonês na sexta-feira, segundo notícia da agência "Nikkei Asian Review".
Nos Estados Unidos, senadores dos partidos Republicano e Democrata e a Casa Branca chegaram na madrugada desta quarta-feira (25) a um acordo sobre um plano federal de estímulos de US$ 2 trilhões para aliviar as consequências da pandemia do coronavírus sobre a economia do país. O pacote deverá auxiliar trabalhadores, empresas e o sistema de saúde.
"Por fim, temos um acordo", afirmou o líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, antes de citar um "nível de investimentos de tempos de guerra".
O valor equivale a aproximadamente R$ 10,2 trilhões, o que representa um montante maior do que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em valores correntes, que em 2019 totalizou R$ 7,3 trilhões.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou na véspera que que está vendo "aceleração muito grande" em número de casos de coronavírus nos Estados Unidos, o que representa potencial para o país se tornar o novo epicentro da epidemia.
Valor Investe apurou junto ao Ministério da Saúde que o governo brasileiro ainda não tem conhecimento sobre se o Brasil já pediu para receber o medicamento, ou se considera fazê-lo.
Em sua conta no Twitter, o presidente Jair Bolsonaro afirmou hoje que vai zerar os impostos sobre zinco e vitamina D, usados, segundo ele, para o tratamento de infectados pelo novo coronavírus. Ele acrescentou que o governo federal já retirou tributos sobre a hidroxicloroquina e azitromicina.
O "Nikkei Asian Review" publicou que o secretário-chefe do governo japonês, Yoshihide Suga, afirmou em entrevista na última sexta-feira (3) que cerca de 30 países, incluindo Indonésia e Turquia, já buscaram a Avigan por canais diplomáticos, e que os Estados Unidos consideram fazê-lo. "Estamos fechando acordos para fornecê-lo de graça", disse ele, segundo a agência.
Suga disse também que a medida vai ajudar a expandir a pesquisa clínica sobre o medicamento. Com 2.617 casos até sexta-feira, o Japão tem relativamente poucos dos mais de 1 milhão de infecções em todo o mundo, dificultando amplos ensaios clínicos.
A Indonésia encomendou 2 milhões de doses de Avigan, e planeja iniciar testes clínicos assim que a remessa chegar. O país viu os casos de coronavírus subirem para 1.986, depois de passar semanas sem confirmar infecções, e tem 181 mortes, à frente da Coreia do Sul e, na Ásia, atrás apenas da China.
O Japão também recebeu pedido da Turquia. O ministro da Saúde turco, Fahrettin Koca, se reuniu com Akio Miyajima, embaixador do Japão em Ancara, e perguntou sobre a aquisição da Avigan, disseram fontes diplomáticas à "Nikkei Asian Review". A Turquia teve 20.921 casos confirmados e 425 mortes até sexta-feira, segundo o governo.
As discussões também começaram no governo Donald Trump, nos EUA, com a Casa Branca incentivando órgãos reguladores a permitir que o medicamento seja administrado como um possível tratamento para o coronavírus, informou o site "Politico", citando autoridades e documentos internos.
Apesar das preocupações com os riscos da droga entre pesquisadores dos EUA, o entusiasmo aumentou depois que o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe explicou sobre Avigan ao presidente Trump, informou o "Politico". A Casa Branca não comentou. Os EUA agora respondem por quase um quarto dos casos confirmados em todo o mundo.
A mídia alemã informou na quinta-feira que Berlim está considerando comprar grandes quantidades de Avigan, na esperança de armazenar milhões de embalagens. O medicamento será distribuído para hospitais universitários e outras instituições com a ajuda dos militares, informou o "Frankfurter Allgemeine Zeitung".
O Avigan, desenvolvido por uma subsidiária da Fujifilm Holdings no Japão, foi considerado nos testes clínicos chineses como eficaz contra a covid-19. Abe anunciou planos para iniciar o processo de teste para que seja oficialmente aprovado como tratamento contra o coronavírus no Japão.
"Vamos acelerar o desenvolvimento de tratamentos e vacinas eficazes para aliviar as preocupações do público o mais rápido possível", disse Abe aos legisladores na sexta-feira.
A Fujifilm anunciou esta semana que lançou testes clínicos para testar a eficácia contra o novo coronavírus e vai aumentar a produção. O governo japonês tem uma reserva estratégica de 2 milhões de doses.
Abe disse na sexta-feira que o Japão, os EUA e outros países iniciaram um teste conjunto internacional do remdesivir, um medicamento desenvolvido para combater o Ebola que também se mostrou promissor no tratamento do coronavírus. Os testes do setor privado devem começar este mês.

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