A oposição entrou nesta segunda-feira com uma representação na
Procuradoria Geral da República pedindo que o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva seja investigado por corrupção ativa, tráfico de
influência e por tentativa de coação em processo penal.
A decisão foi motivada pela informação publicada em reportagem
deste fim de semana da revista Veja, segundo a qual Lula teria se
reunido com o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF),
e teria discutido o adiamento do julgamento do mensalão, que deve
acontecer nos próximos meses na corte.
Mendes teria relatado à revista que se encontrou com Lula no
escritório de seu ex-ministro da Defesa Nelson Jobim, que também já foi
presidente do Supremo, e que o ex-presidente teria lhe oferecido
proteção na CPI que investiga os laços do empresário Carlinhos Cachoeira
com políticos e empresas.
Cachoeira está preso desde fevereiro, acusado de comandar uma
rede de jogos ilegais. No encontro, segundo a revista, Lula teria
comentado com Mendes sobre um encontro que ele teria tido com o senador
Demóstenes Torres (sem partido-GO) em Berlim.
Demóstenes é alvo de um processo no Conselho de Ética no
Senado que pode resultar em sua cassação. Segundo reportagens publicadas
na imprensa e baseadas em escutas telefônicas feitas pela Polícia
Federal, o senador teria relatado a Cachoeira encontros reservados que
teve com autoridades.
"O que se revelou foi um cerco ao Supremo Tribunal Federal e
ao Congresso Nacional via CPI do Cachoeira. Isso é uma afronta a duas
instituições", disse o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR).
"O que pedimos é a instauração de procedimento para
investigação policial do fato e pedimos também um processo em razão de
crimes praticados alcançando três dispositivos do Código Penal",
acrescentou.
Além de Dias, também assinam a representação o líder do PSDB
na Câmara, Bruno Araújo (PE), o líder do DEM no Senado, José Agripino
(RN), o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PT), e o líder da minoria
na Câmara, Mendes Thame (PSDB-SP).
"O Supremo Tribunal Federal não foi derrotado nem mesmo pelo
autoritarismo, que cassou mandatos e fechou o Congresso Nacional, e não
será derrotado agora", disse Dias.
A assessoria do ex-presidente Lula confirma o encontro com Mendes, mas nega o conteúdo da conversa revelado pela revista.
Escândalo deflagrado em 2005, durante o governo Lula, o
mensalão seria um esquema em que parlamentares receberiam recursos em
troca de apoio político ao governo.
O julgamento do caso no Supremo, que deve ocorrer nos próximos
meses, tem 38 réus. Entre eles o ex-ministro-chefe da Casa Civil José
Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro da legenda
Delúbio Soares.
(Reportagem de Eduardo Simões)
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