quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Cidade cria sol artificial com espelhos computadorizados

Rjukan, na Noruega, fica seis meses por ano na sombra total. A solução: espelhos refletem a luz solar onde antes os raios não chegavam.

Editora Globo

NA SOMBRA: Durante 6 meses do ano o Monte Gaustatoppen impede o sol de chegar ao vilarejo
Os 3 mil moradores da pequena Rjukan, na Noruega, têm, desde setembro, um sol para chamar de seu. Aos pés do Monte Gaustatoppen, eles só viam o astro-rei por seis meses ao ano porque a montanha, de quase 2 mil metros, bloqueia a luz solar de setembro a março. Mas um grupo de designers e arquitetos criou um mecanismo para transformar essa realidade, digamos, sombria.

O sol particular de Rjukan é, na verdade, um complexo sistema de espelhos heliostáticos (que seguem o movimento do sol) controlados por uma central de computadores. Eles refletem a luz solar na praça principal da cidade, projetando uma elipse com, aproximadamente, 200 metros quadrados de diâmetro.

O projeto foi desenvolvido pelo estúdio de soluções tecnológicas Devotek e conta com três espelhos de 17 metros quadrados posicionados no topo de uma montanha 450 metros acima da praça central. Com isso, o governo pretende literalmente aquecer a economia local — já que a praça é circundada por comércios e serviços — e ainda atrair turistas curiosos. “Afinal, trata-se também de arte em espaço público, uma intervenção que vai permitir a reocupação da cidade”, afirma RuneLødøen, o administrador municipal.

A proposta de trazer o sol à pequena Rjukan tem um século. Em 1913, um de seus principais moradores, o empresário Sam Eyde (que virou monumento justamente na praça central), já tinha cogitado a ideia dos espelhos solares, mas poucos o levaram a sério. Em 1928, foi construído uma espéciede teleférico para levar a população do centro escuro para o topo das montanhas, onde pudessem ver e sentir a luz do sol.

Só agora, cem anos depois, o projeto Solspeil (ou “espelhos solares”) saiu do papel. Liderado pelo artista e engenheiro Martin Andersen, custou cerca de R$ 1,9 milhão —gasto dividido entre o governo e iniciativa privada.

Os espelhos vão proporcionar, em média, oito a dez horas de luz solar no centro da cidade
durante o período de “escuridão”, que antecede o inverno nórdico e vai até o início da primavera no Hemisfério Norte — dependendo, claro, da nebulosidade e da posição do sol. Em alguns meses será muito menos. Dezembro, mês com menos tempo de incidência de luz solar, terá só quatro horas de reflexo na praça por dia.

Não é o primeiro projeto do tipo na Europa: em 2006, a cidade italiana de Viganella, na região do Piemonte, construiu espelhos com 26 metros quadrados para refletir a luz do sol. Pouco depois, na Áustria, um sistema heliostático também foi implantado na cidade de Rattenberg. Mas o de Rujkan é o maior em área — e conta com sistema computacional mais moderno do que das outras duas cidades. Confira, abaixo, como funcionam os espelhos instalados na cidade. 
 
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