terça-feira, 22 de outubro de 2013

Irmão de suspeito de executar promotor entrega provas que podem inocentá-lo

Irmão de Edmacy Cruz, preso por participação na morte do promotor Thiago Faria, entregou vídeos que supostamente provam a inocência do suspeito. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press 

Irmão de Edmacy Cruz, preso por participação na morte do promotor Thiago Faria, entregou vídeos que supostamente provam a inocência do suspeito. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press

Depois de repetidas declarações sobre a inocência de Edmacy Cruz Ubirajara, único preso sob suspeita de ter executado o promotor de Justiça Thiago Faria, de 36 anos, na última semana, os familiares entregaram aos investigadores o que consideram as provas de que o homem não participou do crime.

Carlos Roberto Cruz Ubirajara, irmão de Edmacy Cruz, esteve na Delegacia de Águas Belas, na tarde desta terça-feira (22), com um CD contendo gravações de câmeras de seguranças de estabelecimentos comerciais do Centro da cidade feitas na manhã do crime. Segundo o parente, Edmacy Cruz aparece com a esposa Solange Rodrigues dentro de seu carro, um Gol de cor preta, circulando pela área. Além disso, Carlos Roberto também apresentou uma lista com nomes e endereços de pessoas que viram e tiveram contato com o casal na hora do crime e que se disponibilizaram a prestar depoimento a favor de Edmacy Cruz.

O material foi entregue ao delegado Rômulo Holanda, responsável pelo inquérito, e para Salustiano Albuquerque, diretor do núcleo de Polícia do Interior 1 (correspondente ao Agreste e Zonas da Mata). O irmão do suspeito pede que as gravações e os depoimentos sejam anexados ao inquérito como prova para solicitar a revogação da prisão de Edmacy Cruz.

A polícia continua as buscas pelo paradeiro do principal suspeito de ser mandante do crime, o fazendeiro José Maria Pedro Rosendo. O Disque-Denúncia ofereceu recompensa de R$ 10 mil por informações. Quem tiver notícias sobre o procurado pode ligar para (81) 3421-9595, Região Metropolitana e Zona da Mata Norte, ou (81) 3719-4545, no interior.

Entenda o caso
Thiago Faria Soares, de 36 anos, foi encontrado morto com pelo menos quatro tiros de espingarda calibre 12, em seu carro, um Hyundai, no Km 15 da PE-300, a caminho do Fórum de Itaíba, onde trabalhava. Ele estaria no veículo com a noiva e Adautivo Martins, tio dela. Dois homens ocupando um Corsa trancaram o veículo do promotor e fizeram os primeiros disparos. Em seguida, voltaram e executaram Thiago Faria com tiros no rosto e no pescoço. Os Martins escaparam ilesos da emboscada.
 

Segundo a polícia, o crime teria sido motivado por uma disputa por terras. A Fazenda Nova, onde o promotor vivia com a noiva, tem uma fonte de água mineral que renderia cerca de R$ 1 milhão por ano. A área foi adquirida em leilão por Mysheva Martins em outubro passado, quando ela e o noivo nem se conheciam. Na ocasião, a mulher desembolsou R$ 100 mil pela propriedade. No entanto, o posseiro da terra, José Maria, recusou-se a deixar a área.

Thiago Faria assumiu o cargo de promotor em dezembro passado em meio ao cenário de embate pela terra. Mas a disputa havia começado há sete anos, quando Maria das Dores Ubirajara, dona das terras, morreu. Ela não tinha filhos e era tia da esposa de José Maria. Ao morrer, deixou a área para 10 herdeiros, incluindo a esposa de José Maria. Depois da aquisição das terras por Mysheva, o posseiro chegou a questionar a validade do leilão na Justiça, mas perdeu a causa.

Em junho deste ano, foi obrigado a deixar o lugar por força de uma imissão de posse em favor da advogada, na qual o promotor teria atuado nos bastidores. De acordo com as investigações, ele também teria pedido ajuda do tio da noiva, Claudiano Martins, para negociar a saída de José Maria das terras. Ainda segundo a polícia, o promotor assassinado também teria denunciado José Maria por crime ambiental na fazenda.

Antes de morrer, Thiago Faria chegou procurou a corregedoria do Ministério Público de Pernambuco para informar que estava sendo ameaçado. O promotor estava em período probatório e a corregedoria fez uma inspeção na comarca e descobriu que havia cerca de 15 processo nos quais ele alegava suspeição pelo fato de envolver interesses de parentes da noiva. Por esses motivos, o promotor seria relocado para Jupi.
 

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