terça-feira, 6 de março de 2012

Gel retal contra HIV se mostra seguro em testes clínicos

Produto foi desenvolvido à base do antirretroviral tenofovir, que já é utilizado em gel vaginal e em comprimidos

Modelo tridimensional do vírus da aids: gel de uso retal contra o HIV precisa passar por mais duas fases de testes clínicos para ser lançado no mercado
Modelo tridimensional do vírus da aids: gel de uso retal contra o HIV precisa passar por mais duas fases de testes clínicos para ser lançado no mercado (Centro Nacional de Biotecnología (CSIC) / Comunicación CSIC)
A primeira fase de testes clínicos de um gel de uso retal desenvolvido para agir contra o vírus HIV revelou que o produto é seguro. A pesquisa foi apresentada na última segunda-feira na 19ª Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas, em Washington. Para que o gel seja lançado no mercado, no entanto, ele precisará passar por mais duas fases de testes.
O produto testado é um gel formulado a partir do tenofovir, um antirretroviral que já é utilizado na forma de gel vaginal ou comprimidos orais. O gel microbicida tem como finalidade reduzir a transmissão do vírus HIV no sexo. Embora o risco de se contrair o vírus da aids seja 20 vezes maior pelo sexo anal, a maior parte das pesquisas sobre microbicidas se concentram principalmente nos produtos vaginais.
Nesse novo estudo, que começou em outubro de 2010, os pesquisadores buscaram desenvolver um gel com menos glicerina a fim de deixá-lo mais apropriado para o uso retal. Participaram dessa fase dos testes 65 homens e mulheres dos Estados Unidos, que foram distribuídos em quatro grupos diferentes, que receberam, respectivamente: gel tenofovir, gel placebo, espermicida, e o último grupo não fez uso de nenhum produto. Os participantes utilizaram o gel uma vez ao dia durante uma semana e depois passaram por exames físicos e retais.
Resultados — Os testes mostraram que, além de um efeito antiviral significativo, apenas 18% dos participantes que fizeram uso do gel tenofovir relataram efeitos colaterais significativos. Além disso, 87% dos indivíduos que utilizaram o gel estudado disseram que fariam uso do produto novamente (esse índice foi de 93% para o grupo que recebeu placebo, e 63% para o grupo que recebeu espermicida).
De acordo com Ian McGowan, um dos autores do estudo, os resultados mostram que a versão adaptada do gel foi mais tolerada do que quando o produto vaginal foi utilizado no reto. "Estamos muito animados com o fato de o gel retal ter se mostrado seguro, além de que a maioria das pessoas que o usaram terem dito estariam dispostos a usá-lo no futuro", afirma o pesquisador.
O próximo passo, segundo os autores do estudo, é planejar a segunda fase dos testes clínicos. Esta envolverá 186 homossexuais e transexuais de países como Peru, África do Sul, Tailândia e Estados Unidos. Isso irá permitir aos pesquisadores coletar informações adicionais sobre a segurança do gel e aceitabilidade no reto.

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